RELATÓRIO DE ATIVIDADES DO CONSÓRCIO PARA FORMAÇÃO DE EQUIPES DE REEDIÇÃO DA PROPOSTA
CONSÓRCIO DOS MUNICÍPIOS NA ZONA DA MATA – PE
RELATÓRIO DA QUARTA ETAPA DA CAPACITAÇÃO
SEGUNDO SEMESTRE DE 1999
ORGANIZAÇÃO DAS EQUIPES MUNICIPAIS DE COORDENAÇÃO DA PROPOSTA E MONITORAMENTO DURANTE O SEGUNDO SEMESTRE
ADESSUL Associação de Desenvolvimento Sustentável de São Benedito do Sul
GDESVI Grupo de Desenvolvimento Sustentável de Vicência
EDESCAT Equipe de Desenvolvimento Sustentável de Catende
EQUIPE TÉCNICA RESPONSÁVEL
ABDALAZIZ DE MOURA XAVIER DE MORAES
ANTÔNIO ROBERTO MENDES PEREIRA
FRANCISCO DAS CHAGAS DANTAS
LAEL GOMES PONTES
ELIO JOSÉ DE SOUZA
LUIZ. F. C. ALVES DA SILVA
RILDO TOMÉ DE GOUVEIA
SEVERINO R. LOPES JÚNIOR
SERVIÇO DE TECNOLOGIA ALTERNATIVA
Rod. PE 50 Km 14, Campo da Sementeira – Zona Rural
CEP 55620-000 – Glória do Goitá – PE
Fax: (081) 3658.1265 – Tel.: (081) 3658.1226
e-mail: [email protected]
CONTEXTUALIZAÇÃO
No ano de 1997 a equipe técnica do SERTA estava sentindo a necessidade de aumentar a divulgação da Proposta de Educação Rural, para melhorar a SUSTENTABI-LIDADE e legitimar mais o trabalho do SERTA perante os municípios, o estado e as entidades financiadoras.
Dentro deste contexto convidamos um colaborador da DEMO, grupo de trabalho com experiência de sistematização de ONG`s, para nos ajudar a pensar a Sustentabilidade do SERTA. Foi considerada a necessidade de um trabalho de marketing. Investimos e estamos tendo ótimos resultados. Resultados estes que estão nos deixando sem pernas para assumir os pedidos de capacitação, monitoramento, assessoria etc.
Então diante deste quadro real pensou-se em como resolver esta situação, sem perder a qualidade dos serviços prestados, e ao mesmo tempo continuar fazendo o trabalho de Marketing, para que cada vez mais a Proposta de Educação do SERTA fique mais conhecida. O percurso tem sido mais ou menos esse adiante.
ESTRATÉGIAS UTILIZADAS
DESCENTRALIZAÇÃO
NOVAS OPORTUNIDADES
MOBILIZAÇÃO SOCIAL
DESCENTRALIZAR – Como estratégia inicial pretendemos cada vez mais chegar perto dos nossos clientes ou nosso público alvo. E com a quantidade atual da equipe, verificou-se que é impossível. Então partimos da premissa que o caminho mais lógico é a descentralização de atividades, pois cada vez estaremos atingindo novos públicos e ao mesmo tempo estaremos capacitando novas pessoas ou novos empreendedores da Proposta, abrindo desta forma o leque de atuação com descentralização.
Como também vai facilitar na resolução de desafios. Além de chegar mais próximo do cliente, com esta descentralização, consegue-se formar novas lideranças. Além de desencadear pequenas ações em várias localidades ao mesmo tempo.
NOVAS OPORTUNIDADES – Durante as capacitações e monitoramento que o SERTA vem fazendo nas áreas de atuação, descobre-se novos talentos, educadores comprometidos com o ensinar, o aprender a aprender, o aprender a pensar. Perguntamos porque não aproveitar estas potencialidades criando oportunidades delas saírem do anonimato da área local e contribuir também numa área geográfica mais aberta.
Pegar este potencial de quem já faz bem e elevá-lo a fazer ainda melhor. Criar novas oportunidades também de se melhorar a renda econômica, fazer com que estas pessoas passem a ser donas dos seus conhecimentos e poder também transformá-los em recursos econômicos para a sua melhoria de vida.
MOBILIZAÇÃO SOCIAL – Bernardo Toro onde ele diz que “Mobilizar é convocar vontades para atuar na busca de um propósito comum sob uma interpretação e um sentido também compartilhados.” Se quisermos fazer com que as pessoas, as forças sociais sejam conhecedoras deste propósito de desenvolvimento, se faz necessário uma grande mobilização social, onde todos sejam convocados para pactuar, colaborar, ativar, desencadear ações que possam transformar estas forças sociais em capital social.
Que esta mobilização não seja interpretada como propaganda e sim como chamamento para a solidariedade participativa, onde cada um seja co-responsável pelo crescimento das partes e do todo.
LEGITIMAÇÃO – Toda mobilização tende a legitimar algo. Queremos legitimar a proposta de educação em prol de um desenvolvimento sustentável. Isso em dois âmbitos, primeiro a nível da sociedade civil, e segundo a nível da lei. Tememos que a política partidarista possa mudar a cada eleição. E se a proposta não estiver conhecida e legitimada pela sociedade civil, como também na forma da lei, qualquer político que venha a se eleger poderá querer anular, descartar se a mesma não satisfizer seus interesses partidários.
Esta proposta traz no seu bojo a distribuição do poder e isto incomoda certos tipos de políticos. Queremos uma coisa duradoura, alicerçada nas necessidades do povo e para que isto aconteça precisamos descentralizar, aumentar a mobilização para se chegar a uma legitimação.
IMPLEMENTAÇÃO DAS ESTRATÉGIAS
Para fazer acontecer estas estratégias foi necessário fazer reuniões nos quatro municípios que estão consorciados (Panelas, São Benedito do Sul, Vicência e Catende). Os objetivos destas reuniões foram:
1. Montar uma equipe de REEDITORES DA PROPOSTA a nível municipal.
2. Construir o perfil e as funções desta equipe.
3. Tirar encaminhamentos para alcançar resultados
4. Provocar uma grande mobilização social
AS REUNIÕES E SEUS DESDOBRAMENTOS
O primeiro momento das reuniões sempre foi dedicado a explicitação dos objetivos gerais. Mostrou-se cada detalhe das etapas estratégicas relatadas no esquema anterior. As participantes desta reunião tiveram um perfil traçado anteriormente. Este perfil foi sugerido tanto pelos técnicos educadores do SERTA, como também pelas educadoras de apoio, supervisoras de ensino e por secretárias (os) de educação. Esta contribuição para a construção do perfil variou um pouco de município para município. Quanto ao tamanho da equipe foi consenso ser em média de 15 pessoas, outro critério é que deveria ser de áreas estratégicas utilizadas no município para o acompanhamento pedagógico.
PERFIL TRAÇADO
1. Que esteja executando com qualidade e dedicação a proposta. Principalmente desencadeando as AÇÕES.
2. Que se identifique com o rural.
3. Que se comunique com facilidade.
4. Que tenha facilidade de integrar-se a outras pessoas conquistando-as para o entendimento e a execução da proposta.
5. Que goste de ler. Que goste do que faz
6. Que seja curiosa gostando de fazer perguntas.
7. Que dê o primeiro passo, que não espere, vá a luta, que saia na frente.
8. Que tenha sempre em mente o envolvimento de outros atores sociais no seu trabalho.
9. Que seja inovadora e criativa.
10. Que tenha vontade e motivação para sempre estar aprendendo.
11. Que tenha espírito de servir.
Diante deste perfil foi mais fácil escolher os nomes das pessoas que deveriam participar desta reunião. O educador do SERTA, deu sua contribuição, dando ênfase a alguns tópicos que para o SERTA é de fundamental importância.
1. SENTIMENTO DE MISSÃO – Esta proposta transcende a técnica, as formas prontas e acabadas de se ver as coisas. Ela é mais sentimento que ciência. Ela não quer multiplicadores e sim REEDITORES. Implementar está proposta é um sacerdócio, é ter o espirito de servir e de missão. Não basta só fazer, tem que gostar do que está fazendo.
2. PARCERIZAR AO INVÉS DE TERCERIZAR – Ser parceiro é completamente diferente de prestar serviços. Parceirizar é se comprometer com o sucesso. É aumentar ganho, é ser soma positiva como diz Norberto Odebrecht. Parceirizar é crescer juntos, onde o crescimento seja maior do que a simples soma do que cada parceiro individualmente poderia produzir.
3. O ESTILO – O SERTA tem um estilo especial. Que se torna um referencial onde o mesmo esteja participando. É o estilo da procura das INTERFACES, do HOLISMO da VISÃO DE TEIA, da CO-EXISTÊNCIA, das INTERDEPENDÊNCIAS. Está é a marca, o carimbo do SERTA.
4. CONSTRUIR CENÁRIOS – A contemplação é fundamental, porém, ao invés de só contemplar devemos construir cenários. E esta construção deve vislumbrar desenvolvimento. Como numa peça teatral o cenário tem que ser planejado para que venha atender o script, também a proposta quer construir um cenário de mais igualdade, de mais justiça social, de mais chances aos excluídos. Cenário este onde todos cresçam sem destruir o meio ambiente, satisfazendo suas necessidades, sem prejudicar as gerações futuras perante as suas. Que a platéia fique satisfeita com que está vendo, que o elenco consiga dá seu recado e provocar ações, novos valores, novos hábitos. E que o texto a ser apresentado seja a pesquisa da realidade.
5. A IMPORTÂNCIA DE SER LIDER – Líder não é aquele que manda. Líder é aquele que motiva, que entusiasma, que assegura o bom desempenho. Ser líder também é influenciar e ser influenciado. É gerar resultados com o coletivo para o coletivo.
A aceitação de formar as equipes foi unânime. Os três municípios (Vicência, São Benedito do Sul e Catende) formaram suas equipes e deram até nome às mesmas. Em São Benedito do Sul o nome escolhido foi ADESSUL que significa Agente de Desenvolvimento Sustentável de São Benedito do SUL. Em Catende deram o nome EDESCAT, que significa Equipe de Desenvolvimento Sustentável de Catende. Já em Vicência a equipe está escolhendo ainda o nome. Quanto a Panelas esta reunião para formação desta equipe ainda não aconteceu.
AS TAREFAS DESTAS EQUIPES
As tarefas foram construídas pelos próprios participantes nas reuniões. Onde depois de ser bastante discutido, chegou-se aos seguintes consensos:
1. Mobilização e articulação
2. Promoção de reuniões com as comunidades, e demais grupos interessados em conhecer os princípios da proposta.
3. Divulgação da proposta em qualquer espaço que se fizer presente.
4. Identificação dos agentes ainda não participantes da proposta.
5. Avaliação, juntamente com a coordenação do andamento da proposta.
6. Formação de parcerias e de grupos de estudo.
7. Documentação e arquivo da história da proposta.
8. Servir de modelo para os demais educadores.
9. Apropriação cada vez mais da proposta.
10. Leitura dos documentos e textos do SERTA.
11. Descoberta das dúvidas e das dificuldades das companheiras de núcleo ou área de atuação.
ENCAMINHAMENTOS DAS REUNIÕES POR MUNICÍPIO
SÃO BENEDITO DO SUL
− Fazer reunião na câmara municipal para que todos vereadores sejam conhecedores da proposta de educação do município. Para que no futuro esta proposta venha a ser legitimada no município também na forma da lei.
− Aproveitar os espaços públicos como igrejas, sindicatos, feira, associações, conselhos para prestar esclarecimento sobre o que é a proposta, o que ela traz no seu bojo. Fazer com que os pais entendam o mínimo pelo menos sobre a proposta para que as respostas dos censos sejam respondidas com mais veracidade e compreensão.
− Aproveitar o carro de som nos dias de feira e do pagamento do programa mão amiga para aumentar a divulgação da proposta. É intuito que de menino a idoso conheçam a proposta.
− Tentar conseguir um espaço num programa de rádio muito ouvido no município que é o Chicote do Povo, programa diário da rádio de Palmares. Para prestar esclarecimento sobre a proposta. A forma que vai ser utilizada, a equipe para apresentar vai discutir.
− Elaborar um jornalzinho para divulgar a proposta e as ações desencadeadas pelas escolas.
− A equipe vai participar do encontro intermunicipal promovido pelo SERTA para avaliar a proposta e criar um espaço de troca de experiências como também programar o ano 2000.
− A equipe vai ter uma carteirinha de identificação.
− Tentar conseguir espaço na faculdade de Palmares para que durante as aulas se faça esclarecimento sobre o trabalho de educação que vem sendo implementado no município.
− Criar um memorial da proposta. Quer dizer escrever e documentar a história da proposta no município.
− Criar um prêmio mensal a escola que mais ações desencadear na escola, na comunidade.
− Reunir-se uma vez por mês.
CATENDE
− Criar um boletim mensal para divulgar os trabalhos, as ações as experiências que vem sendo realizadas nas escolas. (Ângela, Gabriela, Daniela, Márcia)
− Criar uma carteirinha para a equipe. (Márcia com o pessoal da secretaria)
− Arrumar um espaço na rádio para fazer um programa sobre a proposta de educação rural municipal. (prof. Ailton para conseguir o espaço e Raquel preparar o programa)
− Se reunir uma vez por mês.
− Preparar cartazes para melhorar a divulgação (Edvânia, Edjane, Josineide e Mariluce)
− Reuniões nas comunidades mais distantes e desarticuladas (Roberta, Laercir, Marcela, Tânia e Joselma)
− Preparar Certificado dos cursos que irão acontecer (SERTA)
− Prêmio do mês das AÇÕES implementadas (Srª Zeza, secretária de Ação Social)
− Aproveitar os espaços públicos (Norma, Lúcia, Joselma, Betânia e Raquel)
VICÊNCIA
− Se reunir no dia 01/ 12 / 99 para decidir o nome da equipe e para ver os encaminhamentos que precisam ser implementados.
UM NOVO INSTRUMENTO PEDAGÓGICO
Um dos grandes problemas metodológicos da proposta são as ações. Muitos realizam as pesquisas, desdobram, mas não chegam às ações. Um mecanismo que pode ajudar no entendimento é a ficha que está logo abaixo descriminada.
PESQUISA DESDOBRAMENTO AÇÕES
Aqui é descriminada a pergunta do censo que deverá ser dever de casa
Aqui deverá ser descriminada disciplina por disciplina como vai ser desdobrada a pesquisa dentro dos conteúdos programados
Aqui deverá ser descriminado:
− O que fez?
− Como fez?
− Quem fez?
− Quando fez?
− Onde fez?
FUNÇÃO DESTA FICHA
1. Ter um memorial comum documentado.
2. Ser um guia para os educadores de apoio e supervisores para detectar dificuldades.
3. Verificar quem está utilizando a proposta ou não.
4. Dar endereço às ações realizadas.
5. Servir de indicador de desempenho.
6. Disciplinar professores e monitores para um mínimo de anotações
7. Poder verificar a compreensão da proposta através das ações.
As reuniões aconteceram nas seguintes datas:
São Benedito do Sul 10 de novembro de 1999
Catende 11 de novembro de 1999
Vicência 17 de novembro de 1999.