A QUESTÃO DO MEIO RURAL NA ZONA DA MATA E A ESCOLA
RELATÓRIO DA OFICINA REGIONAL 03 – PALMARES, 06, 07, 08 de maio de 1998.
RELATÓRIO DA OFICINA REGIONAL SOBRE A QUESTÃO DO MEIO RURAL NA ZONA DA MATA E A ESCOLA
PROJETO
FORMAÇÃO DOS SUJEITOS SOCIAIS ENVOLVIDOS COM O PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL – PETI
Este projeto começou com o apoio financeiro do UNICEF de novembro de 1997 até abril de 1998 e tem a continuidade assumida pela Secretaria Nacional de Assistência Social – SAS até de 30 de dezembro de 1998
CONTEXTUALIZAÇÃO
Como já é sabido por todos os envolvidos no PETI o Programa da Bolsa Escola possibilitou um conhecimento bem maior do meio rural, por parte das autoridades municipais, sobretudo de pessoas ligadas às atividades educacionais e de assistência social. Nunca se visitou tanto, nem se documentou, nem se investiu como agora. Esse contato maior possibilitou tornar algumas situações e atividades do meio rural, objeto de estudo, pesquisas, diagnóstico, planejamento e avaliação.
Para o que era antes, tudo isto representou um avanço enorme. Porém, as bases e os pressupostos para este voltar-se para o meio rural ainda são bastante limitados. Podemos enumerar algumas características, tais como:
– Teve um caráter ainda muito emergencial,
– Foi a demanda de um programa que tinha pressa em se implantar,
– Diagnóstico usado foi apenas no campo das necessidades educacionais, das condições físicas da escola e um cadastramento das famílias,
– Foi mais um programa de fora para levar o benefício aos necessitados do meio rural.
Estes limites são perfeitamente justificáveis dentro do processo histórico, social e político que se viveu. Porém, para se construir algo mais sustentável e estruturador, convém uma aproximação mais científica, técnica, cultural, econômica e pedagógica com o meio rural e seus habitantes.
A oficina regional sobre a QUESTÃO RURAL E O PETI foi para atender a esta necessidade. Para isso os convidados prioritários, foram pessoas ligadas ao Programa do Peti, com mais afinidade com a questão rural. Tivemos entre os participantes, 40% de técnicos em agropecuária.
A proposta era de aprofundar o que caracteriza mesmo uma escola para filhos de trabalhadores rurais e camponeses. Seria apenas uma jornada ampliada? Por acaso, as crianças que moram no meio urbano, também não necessitariam de uma jornada ampliada? Seria estar construída na área rural? Seria ter uma horta? Pergunta desta não se respondeu ainda, não se investigou, não se elaborou conhecimento na região.
Implantou-se um Programa arrojado para o meio rural, um Programa de impactos, novos e inovadores. Passou-se a se usar uma série de conceitos, categorias e termos como palha da cana, trabalho infantil, jornada ampliada, bolsa escola, núcleo de jornada ampliada, capacitação de monitores etc. Mas o que caracteriza mesmo uma escola com alunos e alunas do meio rural, na zona canavieira? Qual o projeto político pedagógico de uma escola e de uma educação? Podemos explicitá-lo sem um estudo mais profundo da questão rural? Esta foi a questão de fundo que perpassou a preparação e a realização da oficina.
APRESENTAÇÃO
A oficina sobre a QUESTÃO RURAL E O PETI, foi a terceira realizada pelo projeto “FORMAÇÃO DOS SUJEITOS SOCIAIS ENVOLVIDOS COM O PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL – PETI” no ano de 1998. Os temas das anteriores foram DA CANA DE AÇÚCAR AO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA ZONA DA MATA e a ALIMENTAÇÃO ESCOLAR E O PETI.
Foi realizada no município de Palmares nos dias 06, 07 e 08 de maio de 1998, no Hotel Poeta dos Palmares. Contamos com a participação de 12 municípios da Zona da Mata Sul de Pernambuco: Cortês, Joaquim Nabuco, Barreiros, Tamandaré, São Benedito do Sul, Jaqueira, Sirinhaém, Gameleira, Catende, Água Preta, Palmares e Ribeirão.
Além de técnicos em agropecuárias, participaram: Secretário de Meio Ambiente, Professores da Escola Técnica em Agropecuária de Barreiros, Educadores de apoio, Coordenadores etc. A programação constou dos três momentos fortes, como todas as anteriores realizadas com a assessoria do SERTA. No primeiro momento, se pesquisou a partir da prática e experiência. Foi feita uma visita ao núcleo da jornada ampliada de Palmares que funciona no prédio, adaptado para a jornada ampliada, com o objetivo de observar o funcionamento da escola e o aproveitamento dos espaços físicos, sobretudo agrícolas.
A partir da visita, os participantes, por município, tentaram fazer o desenho do núcleo que atuava, ou conhecia. Com o desenho do estágio atual de cada núcleo, passou-se ao segundo momento, que consiste sempre em aprofundar o primeiro conhecimento, ainda experimental, sensível, localizado. Para este segundo momento, foram utilizadas várias dinâmicas, como visita a uma mata, debate em grupo, aprofundamento em plenária. É sempre um momento, onde se tenta um outro nível, um conhecimento mais científico e técnico, para possibilitar uma ação melhorada no retorno dos participantes aos seus municípios.
O terceiro momento foi partir para os encaminhamentos, desta vez, subsidiados pelo novo conhecimento adquirido, o grupo se perguntou sobre o que vai fazer para melhorar a educação rural no seu município, como está pretendendo trabalhar, com quem, quando etc. Cada grupo, por município, levou os desenhos produzidos, para rediscutir com os colegas de trabalho e com as autoridades às quais estão subordinados
I. PRIMEIRA PARTE
Logo após as boas vindas e a ambientação, foi feito um levantamento das expectativas dos participantes da oficina. Dentre as expectativas vale a pena ressaltar algumas:
– Campo tem necessidade de ser repensado e gostaria de poder encontrar alguma luz.
– Adquirir uma nova visão sobre esta questão.
– Com o fechamento das usinas, o Programa é que vem socorrendo as pessoas para a fome não se alastrar no campo.
– Que neste momento de crise, se encontre perspectiva de solução.
– Saber o que as Escolas Agrícolas podem fazer, para ajudar neste Programa.
– O êxodo rural está criando problemas e se querem buscar alternativas.
Sentimos no grupo uma sensação de curiosidade, pois alguns dos participantes já haviam assistido outras oficinas ministradas pelo SERTA, e estavam ansiosos para ver como esta questão tão polêmica seria retratada nestas, que dinâmicas o SERTA iria utilizar.
1. A VISITA AO NÚCLEO DE PALMARES
A DINÂMICA | O ESTÁGIO ATUAL | O ESTÁGIO OTIMIZADO |
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A dinâmica era fazer a visita de modo organizado, com papel milimetrado, lápis na mão, para observar entre outros, os seguintes itens: – A utilização e distribuição dos espaços físicos, – Características da Escola para filhos de trabalhadores rurais, – Aproveitamento das áreas agrícolas, – Aspectos observados no funcionamento da escola em geral, – Participação dos alunos e alunas nas atividades | Ao retornar, cada grupo de participantes por município, recebeu a tarefa de desenhar o núcleo onde ele trabalha ou que ele conhece. O desenho deveria retratar o estágio que cada núcleo se encontrava no momento. Era em forma de planta baixa, onde aparecesse a distribuição e o uso dos espaços físicos, tantos os construídos, como os vazios, os limites do núcleo, muro, cerca, área de recreio, área agrícola etc. De modo que quem olhasse, entendesse as condições da escola. | Após fazer o desenho da planta baixa no estágio atual, as pessoas, passaram a fazer a planta no estágio que o grupo achasse que seria o melhor. A partir das conversas, das observações durante a visita, o grupo colocava na planta suas idéias e sugestões, para que o espaço e a escola pudessem funcionar melhor, onde os espaços estivessem mais racional e pedagogicamente, aproveitados. Era um esforço para otimizar todos os espaços disponíveis na área do núcleo. |
Essa dinâmica chama-se DESENHO PREDIAL. É muito usada para planejar o uso otimizado dos recursos naturais, materiais, econômicos e humanos no Desenvolvimento Sustentável das propriedades agrícolas, como de um município. Parte da situação em que se encontra, do levantamento dos limites e das possibilidades, para depois se pensar um estágio onde esses mesmos recursos possam ser mais bem utilizados.
2. O RESULTADO DO EXERCÍCIO
As sugestões foram muito positivas, porém, não se percebeu uma visão de conjunto, entre as áreas produtivas, tanto em si, na relação uma com outra, como também em relação com o ensino aprendizagem. Estavam dispostas, como se, ao fazer estas coisas, a aprender criar ou plantar, ou transformar os produtos, fosse uma coisa dissociada do ensino de português, matemática, ciências. O grupo percebeu bem a necessidade das coisas, mas não a inter-relação, a interdependência entre elas e todo o processo pedagógico. As dinâmicas do dia seguinte seriam para aprofundar as relações. Como instrumento principal, se utilizou uma visita a mata, numa área do município de água Preta.
AS OBSERVAÇÕES DA ASSESSORIA
II. SEGUNDA PARTE: O APROFUNDAMENTO DOS DESENHOS DOS NÚCLEOS
1. A VISITA A UM ECOSSISTEMA NATURAL NA ZONA DA MATA
Na visita, em dois grupos, os participantes, entraram na mata sob orientação do educador e passaram a observar e comentar entre si as suas observações em relação ao solo (cor, textura, estrutura), presença de matéria orgânica, decomposição desta, presença e função dos microorganismos, variedades de plantas por metro quadrado, formas da água penetrar no solo, se manter e se filtrar, formas do vento, do sol entrar na mata, temperatura, sons, presença de animais, insetos, etc. Durante a visita se fez uma série de testes, para comprovar mais cientificamente o que as pessoas, viam, pegavam, escutavam, cheiravam e experimentavam. No desenvolvimento da experiência, trabalhou-se com perguntas geradoras de provocação, e logo após de discutidas as opiniões, os argumentos e os testes eram feitos para elevar os conhecimentos a um patamar mais técnico e científico.
O PORQUE DE UMA VISITA A MATA PARA DISCUTIR RELAÇÃO ENTRE A QUESTÃO RURAL E A EDUCAÇÃO
Para discutir uma escola para os filhos dos agricultores, uma educação rural, entender o meio ambiente enquanto ecossistema é fundamental entender o equilíbrio que existe no mesmo, os princípios que o regem, os fatores que determinam o equilíbrio ou o desequilíbrio. Neste sentido, a mata é a grande professora e o lugar mais adequado para observar, sobretudo na região da zona da mata. Não adianta querer aprender muitas técnicas, fazer muitas experiências, sem visão de conjunto. Hoje é consenso para quem trabalha com Desenvolvimento Sustentável, a multidimensionalidade ambiental, econômica, social, política e institucional. A importância pedagógica da visita a mata, está detalhada por um texto de Roberto Mendes Pereira, distribuído entre os participantes.
DEPOIMENTOS DOS QUE VISITARAM A MATA
– Nunca pensei que a mata podia nos ensinar tanta coisa!
– Para mim, ela foi uma verdadeira professora, mestra que não precisa de quadro negro e nem giz para poder nos ensinar, basta observar com outros olhos.
– Agora entendo perfeitamente qual a função dos ecologistas.
– Porque nunca pensamos nisto, em usar a mata como sala de aula?
– Agora percebo o quanto o homem está acabando com tudo, e a partir de hoje tenho muita responsabilidade em ser mais uma a lutar pela natureza.
– Se todo mundo fosse convidado a passar por uma visita dessa, tenho certeza que a consciência ecológica nasceria nas pessoas.
– Isto sim é uma aula de meio ambiente!
– Ecologia não é defender uma espécie de planta ou animal, como nos passam, e sim defender o equilíbrio do conjunto, e pouco nos é passado de uma forma compreensível.
– Sou um técnico em agropecuária, pensava que sabia muito, mas vejo que tenho que mudar muito do o que aprendi. Tenho que criar novas atitudes e valores.
Com o exercício todos perceberam que os núcleos precisariam de mudanças no uso dos espaços físicos e no funcionamento dos mesmos, para poder se identificar como um Núcleo de Jornada Ampliada para filhos de trabalhadores rurais ou agricultores. Entre as observações mais comuns, saíram desenhos de áreas para plantio de hortaliças, de plantas medicinais, sementeiras de frutas e plantas para reflorestamento, floricultura, plantas ornamentais, criação de galinha caipira, frango para corte ou galinha poedeiras, suínos, caprinos, ovinos, coelhos, codorna e vaca de leite, espaços para beneficiamento de produtos, como polpa de frutas, conservas, embutidos etc. Área agrícola para plantio de macaxeira, inhame, batata, milho, feijão, pomar com frutas diversas. E ainda lugar para esportes, recreação e lazer.
Essas sugestões não estão todas contidas em todos os desenhos. Pois os desenhos eram de áreas já construídas, cujos espaços estão sendo adaptados. Porém, ora em um, ora em outros, todas foram sugestões dos participantes.
2. APROFUNDAMENTO DA VISITA E DO DIA ANTERIOR
Voltando da visita que durou toda a manhã, em plenária, o grupo trocou suas impressões e passamos ao aprofundamento da visita e do dia anterior. No aprofundamento, o que se pretendia, era perceber até que ponto, a compreensão sobre o meio ambiente, como conjunto, ajudaria a pensar um projeto político pedagógico para a educação rural na zona da mata. Se estávamos lá para pensar uma proposta de educação, um projeto político-pedagógico, precisaríamos buscar Princípios e Diretrizes mínimas que nos garantissem uma boa orientação.
O exercício foi muito rico, pois em geral, os técnicos em agropecuária, mesmo trabalhando no PETI, tem sido chamado a dar sua contribuição, mas apenas naquilo que diz respeito ao campo, ao plantio ou criatório. Pensar o pedagógico e o político na educação é como se fosse tarefa apenas de pedagogos e professoras. Houve aí uma reflexão muito rica sobre o papel do técnico em agropecuária no Programa e na educação em geral.
3. CONTRIBUIÇÕES DOS GRUPOS: PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA UMA EDUCAÇÃO RURAL
– Valorização da cultura através do estudo da história do lugar.
– Compromisso com a preservação ambiental da comunidade e do município.
– Estimulo ao uso racional dos recursos naturais da comunidade
– Estimulo a auto sustentabilidade da escola e das famílias.
– Construção do senso crítico e da cidadania.
– Que possibilite ao aluno entender de um modo interdisciplinar e transversal:
– As diferentes situações do ecossistema
– Importância da diversificação
– A importância da rotação de culturas
– A importância da criação de animais
– Aproveitamento dos sub-produtos.
– Que eduque a criança para intervir na realidade da região.
– Que ligue as escolas aos problemas do município.
– Que relacione as famílias com as atividades a serem desenvolvidas na escola.
– Que tenha um sistema integrado de produção com reflorestamento.
– Que estimule o respeite as leis naturais, que são as que equilibram o meio ambiente.
– Que capacite os professores do meio rural, com formação específica.
– Que dê incentivos para a permanência do adolescente no campo.
– Que seja uma escola nos moldes de uma “Escola Agrícola” aulas práticas e teóricas).
– Que leve em conta a interdisciplinaridade e transversalidade.
SÍNTESE
CONDIÇÕES QUE NÃO DEVEM FALTAR NO ESTÁGIO OTIMIZADO DE UMA ESCOLA PARA FILHOS DE AGRICULTORES E TRABALHADORES RURAIS
– Gestão democrática da escola, com participação de toda a comunidade escolar, através de representantes escolhidos em um processo democrático.
– . Programa de conteúdos, habilidades e técnicas a serem aprendidas e ensinadas na escola, de forma interdisciplinar e transversal, que sirva para a vida e cidadania.
– Programa que resgate o conhecimento histórico, prático e social que as famílias tem acumulado, que sistematize e eleve o nível deste conhecimento para um patamar científico e técnico.
– Construção de um programa com habilidades rurais e domésticas, fazendo parte dos conteúdos e dos processos de ensino e aprendizagem, tais como:
– Aprender a plantar lavouras, hortaliças, plantas, medicinais, árvores.
– Ter prática sobre as mesmas em relação ao semeio, plantio, transplante, enxertia, poda, adubação, controle de pragas e doenças.
– Aprender a cuidar de animais, com aulas práticas de vacinação, reprodução, alimentação, instalação etc.
– Aprender a transformar e beneficiar alimentos: bolos, doces, bebidas, compotas, embutidos, manteiga, queijo, maneiras diversas de preparar os produtos.
– Aprender a cozinhar, lavar, cuidar de uma casa, de um ambiente.
– Aprender a controlar estoque, a partir da anotação pelos alunos, da entrada e saída da merenda escolar da dispensa.
– Aprender a fazer cálculos para orçamento dos custos dos serviços, de material e mão de obra.
– Aprendizagem sobre a recuperação do meio ambiente e da história da comunidade, pesquisando com os mais idosos as informações que se perderam no tempo.
– Valorização da cultura e da sabedoria das pessoas da comunidade, sobre os medicamentos, as festas, as tradições.
– Atividades com o barro (mesmo que suje e precise lavar, mesmo dando mais trabalho) nos seus aspectos artísticos, culturais e terapêuticos (usado na cura de várias doenças)
PARA QUE ESTAS CONDIÇÕES SEJAM POSSÍVEIS, É PRECISO QUE NA ESCOLA RURAL
– Exista área agrícola em condições de uso (com cerca ou muro, ou distante de animais soltos)
– Exista água para o consumo humano, limpeza, criação de animais e plantas (em forma de água encanada, cacimba, poço etc.)
– Exista árvores, pelo menos de sombras, para despertar a importância das mesmas junto a comunidade escolar.
– Que o manejo do solo ou de animais sirva como laboratório e oficina para aprendizagem e formação dos estudantes.
– Que o manejo do plantio (hortas, plantas medicinais, lavouras) e criação de animais, faça parte dos conteúdos e processos do ensino/aprendizagem.
– Que existam espaços para a transformação dos produtos, que agregam valores e sirvam como desenvolvimento e aprendizagem de habilidades técnicas.
– Que a reciclagem seja componente do manejo das plantas, do solo, dos animais, por exemplo, com minhocário, composto orgânico, lixo, papel etc.
III. TERCEIRA PARTE: ENCAMINHAMENTOS PARA A AÇÃO
No terceiro momento, os participantes se voltaram outra vez para os desenhos do primeiro dia. Ao observar e comparar os dois anotaram dezoito itens que diferenciavam os do estágio atual, para os do estágio otimizado. O relatório não vai transcrever, por conta dos mesmos já estarem contidos nos comentários anteriores. É importante ressaltar que o primeiro exercício de comparação entre o estágio atual e otimizado, já permitiu levantar diversos pontos que precisam ser revistos nos núcleos e escolas rurais.
O grande desafio desta oficina e das demais, é como fazer ao retornar, para que outras pessoas possam se apropriar também dos conteúdos, sobretudo as pessoas que têm poder de decisão no município. Ficou combinado o seguinte:
– Cada grupo levou os dois desenhos das plantas baixas dos núcleos.
– Com os dois desenhos, iriam repassar para seus colegas e superiores, a dinâmica como foi trabalhada a oficina.
– Os participantes levaram uma folha de papel vegetal e papel milimetrado, para com os colegas que atuam nos núcleos tentarem fazer um novo desenho, agora a partir de todos os conhecimentos adquiridos na oficina.
Estas três tarefas concretas foram complementadas por outras. Foi observado como de fundamental importância à troca de visita, entre pessoas que atuam nas escolas e núcleos de jornada ampliada. Constatou-se que quase ninguém, estava conhecendo experiências de outros municípios. Para uma experiência nova e inovadora, é muito ruim, não se conhecer as experiências dos outros lugares.
Outro compromisso que vale destacar foi o da possibilidade da escola agropecuária de Barreiros, se articular mais com as experiências do PETI. O mesmo representante se comprometeu em conversar com outras escolas. Percebeu-se também a pouquíssima quantidade de técnicos contratados para o Programa da Bolsa Escola, ou para outros programas do município. Todos apelam às autoridades responsáveis, para que nos municípios, haja mais contratação de técnicos em agropecuárias para ser monitores nas escolas rurais. Toda a concepção de escola rural, que perpassou durante a oficina e foi construída durante a mesma, leva a necessidade de ter mais técnico no corpo dos professores e monitores.
Por último, o SERTA comunicou a seleção que está fazendo de 4 técnicos para um estágio de capacitação, para contribuir com a ação do SERTA na assessoria ao PETI nos municípios.
A avaliação final considerou a oficina como muito produtiva, geradora de idéias novas e inspiradoras, para a melhora do Programa e da Educação Rural. A maioria participou pela primeira vez de oficina com o SERTA.
Cabo de Santo Agostinho, 25 de maio de 1998.