LIVRO “PRINCÍPIOS E FUNDAMENTOS DA PEADS” PG 199-212
PEADS – FICHA PEDAGÓGICA – CENSO AMBIENTAL
Desenvolver, nas escolas, Estratégias para o Desenvolvimento Local Sustentável.
Construção do Censo Ambiental e estudo do Ecossistema da Comunidade.
Apresentação
O objetivo desta Ficha Pedagógica é completar o conhecimento da própria escola e da comunidade sobre si mesmas para construir um diagnóstico mais completo da realidade. Desta vez, serão estudados o meio ambiente local e o ecossistema do engenho, da comunidade, do povoado ou da fazenda. Será feito o levantamento de todos os recursos naturais que existem na localidade e será recuperada a história dos recursos que se perderam.
A escola vai produzir conhecimentos sobre os recursos naturais, vai aprofundá-los e depois vai ajudar a própria comunidade, apoiada pelo município, a agir na direção de recuperar o que se perdeu e ainda pode ser recuperado, preservar o que se conservou até agora e melhorar o uso racional desses recursos, para que eles continuem a existir também para as gerações futuras.
Esta Ficha Pedagógica divide-se em quatro etapas fundamentais e exige uma discussão dos professores da mesma escola, ou mesmo um estudo com supervisão ou apoio pedagógico, por conta de tantos elementos inovadores que contém. O entendimento nunca é completo no início. À medida que a escola for praticando, o entendimento vai aumentando, e os professores terão oportunidades de trocar ideias entre si.
As pesquisas sobre a temática ambiental são atividades mais grupais e coletivas do que individuais. Na segunda parte, seguem muitas propostas nesse sentido. Sugerimos entrevistar pessoas idosas como resgate histórico e como construção da autoestima. Nas entrevistas sobre as temáticas sugeridas, o professor deve orientar os alunos para primeiro, entrevistar as pessoas idosas sobre sua história pessoal e, só depois, entrar nos demais assuntos. É importante saber, por exemplo, o nome completo da pessoa, o apelido, onde e em que ano nasceu, onde viveu, onde trabalhou, coisas de que gostava no tempo da infância e da juventude, etc. Qualquer informação de ordem histórica deve conter o nome da pessoa que deu a informação, a data e o lugar.
Parte 1
Questões para a realização das pesquisas
É a primeira abordagem do assunto. Começa a partir das informações que os alunos podem conseguir com a ajuda de seus familiares e moradores da comunidade, onde o conhecimento ainda é muito localizado, experimental, resultado da prática e do senso comum das pessoas. Vai ser recuperado sobretudo a partir de pesquisas com perguntas. Essas perguntas vão gerar outras que exigirão um conhecimento mais profundo, científico e técnico. Perguntar aos familiares sobre as coisas que eles têm domínio é uma forma de valorizar os seus conhecimentos e as suas experiências de vida. Esta Proposta de Educação está supondo que, pelo menos uma vez por mês, a escola faça reunião com os pais, para falar sobre o que estão fazendo, como estão fazendo.
1. De onde vem a água que se bebe em casa? Como ela chega em casa? Quem a carrega?
2. Existe outro tipo de água que se usa em casa, sem ser para beber? De onde vem essa outra água?
3. Quais são os riachos, os rios, os açudes, as cacimbas, os cacimbões, os poços artesianos, os barreiros que existem perto das nossas casas e da escola? Que serventia eles têm para a população?
4. Que coisas, objetos, sujeiras (suor de animal, fezes, urinas, esgotos de casas e de indústrias, lixo) caem nesses depósitos de água? Que tratamento de água é feito em casa, no povoado ou na comunidade? Quem faz o tratamento? Como é feito o tratamento?
5. Procurar, com os pais, e levar para a escola, um punhado de terra fértil, boa e forte e um punhado de terra fraca, ruim e infértil (usar plástico ou garrafa de refrigerante de plástico para levar a terra). Perguntar aos pais o porquê da força e da fraqueza de um solo.
6. Coletar, em vidro ou plástico, os bichinhos (microorganismos, fungos, minhocas, gogos, cupim, etc.) que vivem debaixo do solo e levar para a sala de aula.
7. Informar-se com os mais velhos das famílias sobre o nome das árvores que existiam na região e quais os que não existem mais. Procurar saber onde eram as matas de antigamente e o que resta delas.
8. Perguntem também aos mais velhos sobre os animais silvestres e de caça: quais eram? Onde existiam? Quais os que não existem mais e por que desapareceram?
9. Questionar sobre os peixes dos rios e dos açudes: quais eram? Onde eram pescados? Quando e por que desapareceram?
10. Perguntar aos pais e sobretudo aos avós, o que se plantava no tempo da infância deles e se o que se plantava em grande quantidade naquela época se planta hoje.
11. Questionar sobre o que havia antes no lugar da cana de hoje.
12. Procurar saber dos mais antigos: no tempo da infância deles, quantos quilos dava uma conta de mandioca, feijão ou milho? E como é hoje?
13. Investigar o que é feito com o lixo em sua casa. O que fazem com o lixo na escola? O que fazem com o lixo na comunidade?
Parte 2
O desdobramento e aprofundamento das pesquisas
Partir do conhecimento que as crianças produziram com seus familiares e desdobrá-lo. Aprofundar, através das disciplinas, para que esse conhecimento inicial e elementar, possa evoluir e alcançar um patamar maior, mais escolar, técnico e científico. Desenvolver, sempre de forma interdisciplinar e transversal, o primeiro conhecimento produzido.
Trabalhando o recurso água
1. Organizar visitas com os alunos aos mais diversos tipos de depósitos e reservatórios de água.
– Listar providências que precisam ser tomadas para a realização das visitas:
– Acertar com os proprietários, no caso dos reservatórios serem particulares. Com os encarregados, se os reservatórios forem públicos.
– Preparar perguntas para as entrevistas; definir quem vai entrevistar, quem vai ser entrevistado e sobre o quê.
– Dividir o grupo em equipes com tarefas específicas, por exemplo: um grupo observa os sinais de morte nas águas (lixo, sujeira, fezes, etc.). Outro grupo observa os sinais de vida (peixes, plantas, vegetação próxima das águas, etc.). Outro grupo observa o uso e os usuários da água (pessoas que bebem, que irrigam, animais e roupas que são lavadas). Cada tarefa dessa deve ser preparada em sala de aula.
– Preparar material: depósitos para a coleta de material, se possível com máquina fotográfica, gravador — se tiver filmadora, melhor ainda! —, trena de medir, roupa adequada para andar no campo. Nas observações e nas entrevistas, não esquecer dados quantitativos: tamanho da área, do percurso feito pelos alunos, quantidade de água em metros cúbicos. Ao voltar à classe, apresentar relatório da equipe, material coletado, razão e objetivo da coleta; organizar debates e textos, desenhos, lições, estudos de ciência, biologia e meio ambiente.
2. Acompanhar o percurso das águas.
– Para pesquisar e estudar o percurso das águas, organizar um passeio, que pode ser a:
– Um rio.
– Um riacho corrente.
– Um córrego seco, por onde as águas escorrem quando chove.
– Utilizar a mesma preparação de materiais do item 1 para este exercício. Se o córrego é seco, é muito bom coletar amostras de raízes e de cor de solo para estudo da erosão. É bom observar também o que a água carrega com sua força, além da terra: lixos, plásticos, etc.
– Na preparação do material, lembrar os alunos de estarem atentos para desenhar o mapa do percurso das águas com tudo que ele atravessa: roças, árvores, propriedades, etc.
– Merece atenção especial a observação da vegetação que acompanha as margens dos rios: se tem, se são rasteiras, se são árvores grandes com raízes. O professor ou os adultos que estejam acompanhando o passeio deve chamar a atenção para o papel que as plantas e as raízes têm na defesa do solo e das águas.
3. Recuperar a história das águas.
– Trazer para a sala de aula ou levar os alunos para visitar pessoas das mais idosas da comunidade que conheceram o rio, os riachos ou açudes em outras épocas, para contarem suas histórias e serem entrevistadas sobre o uso das águas: como eram antes, os peixes que tinham, as enchentes, as matas das margens (matas ciliares).
– Discutir com essas pessoas os motivos que levaram à diminuição das águas, das árvores e dos peixes; e ao aumento da poluição.
4. Pesquisar as doenças e os prejuízos que as águas podem trazer.
– Organizar, antes ou depois das visitas, um debate sobre as doenças que o rio, riacho ou as águas em geral podem trazer para a região.
– Levantar informações sobre quem tem pessoa com esquistossomose em casa, trazer essas pessoas para a sala de aula ou levar os alunos a visitarem-nas, para entrevistá-las sobre quando, como e onde pegaram a doença.
– Ver se algum aluno conhece família em que alguém já tenha morrido com a esquistossomose. Entrevistar pessoas dessa família.
– Levantar informações sobre outras doenças com os alunos: cólera, dengue, verminoses, etc.
– Exemplificar a sujeira da água, por exemplo, pondo-a em 1, 2, 3 ou mais garrafas plásticas transparentes de refrigerante. Cada garrafa corresponde a um tipo de água usada na comunidade. Em uma, não se coloca nada; nas demais, vai se adicionando as coisas que o povo acrescenta na água. Vamos supor que no rio o pessoal lava roupa, aí se acrescenta sabão. Noutra, que representa um açude, o pessoal lava cavalo, aí se acrescentam urina e fezes de cavalo. De acordo com as coisas que forem se acrescentando, as águas vão se diferenciando, e a visualização vai esclarecendo o debate.
5. Pesquisar as possibilidades produtivas das águas do lugar.
– Organizar uma visita a uma ou mais propriedades que usem irrigação, sobretudo com formas variadas de irrigação, e entrevistar seus proprietários sobre cálculos matemáticos que a irrigação exige:
– Tempo e duração.
– Quantidade de água.
– Melhores horas para irrigar.
– Resultados econômicos.
– Custos da infraestrutura, da energia; os tipos de energia: se motor elétrico monofásico ou trifásico, se movido a óleo, capacidade de elevação que a bomba tem, comércio dos produtos irrigados.
– Organizar uma visita a um criatório de peixe, pato ou camarão. Instigar os alunos a fazerem perguntas sobre:
– As técnicas da criação.
– A alimentação.
– O tipo de água.
– A venda.
– O período de pesca.
– O comércio.
– O ganho.
– Os investimentos que precisam ser feitos, a segurança contra o roubo dos peixes e a assistência técnica.
– Organizar produtos com os resultados dos estudos sobre as águas do lugar.
– Escrever textos sobre a situação das águas do lugar, que fale de quais são, onde estão a quantidade, o uso, o trato que a população dá, a utilização, etc.
– Escrever textos sobre apenas um desses elementos anteriores.
– Escrever textos sobre um tipo específico de água, por exemplo, do rio ou do açude, da cacimba ou do poço artesiano.
– Escrever texto sobre as doenças transmitidas pela água.
– Desenhar os reservatórios das águas e as dinâmicas usadas para o estudo.
– Mapear o caminho e o percurso das águas do lugar.
– Fazer exposição fotográfica, com legendas ou textos dos alunos, do passeio realizado para a pesquisa das águas.
– Criar poesia ou música sobre as águas.
– Apresentar alternativas para a melhora do uso das águas e conservação do meio ambiente.
– Apresentar alternativas para gerar renda com a água: irrigação e criação de peixes.
Trabalhando os recursos solo e vegetação
Muitas das sugestões apontadas para se trabalhar com a água podem ser aproveitadas para a vegetação.
1. Entrevistar as pessoas mais idosas da comunidade
– Levar as pessoas mais idosas para a sala de aula ou visitá-las.
– Elaborar um roteiro de perguntas e sugerir o relato da vida na comunidade.
– Construir, com as pessoas acima de 70 anos, o mapa de como eram as matas na infância delas. Depois, outro mapa no tempo em que elas tinham 30 anos, e outro mapa com as matas que existem hoje.
– Fazer o mesmo exercício com os tipos de animais que existiam nessas três fases da história das matas.
– Fazer o mesmo com os tipos de madeira nas três épocas.
– Tentar fazer o mesmo exercício com os demais tipos de vegetação, sobretudo a cana: onde a cana chegava há 70 anos, de 1925 a 1935; há 30 anos, de 1965 a 1975; e atualmente.
2. Recolher as amostras de solo das famílias.
– Pedir que cada criança ou adolescente mostre a terra boa que trouxe e pedir explicação a cada uma sobre o porquê a terra é boa.
– Para cada explicação, anotar as características que os alunos forem apresentando (ótima oportunidade para ensinar sobre adjetivo, sinônimos e antônimos!).
– Chamar a atenção sobre a ortografia e os sinônimos das palavras que indicam terra fértil.
– Juntar os punhados de terra de cada um em um canto, para que possa ser mantida junta. Fazer a mesma coisa com as amostras de terra fraca.
– Depois, molhar as duas porções de terra com uma mesma quantidade de água, plantar algum tipo de semente e, ao longo do mês, fazer os alunos observarem a diferença.
3. Organizar uma visita à mata.
– Preparar bem a visita e motivar o pessoal. Com criança muito pequena, não se deve visitar mata muito fechada. Tomar algumas medidas prévias:
– Ir com algum adulto da comunidade aonde vão fazer a visita.
– Preparar água e merenda. Ir com sapato e roupa apropriados.
– Dividir em equipes, dando responsabilidade aos maiores pelos menores.
– Pedir a colaboração de outros adultos: pais ou irmãos mais velhos.
– Estabelecer o roteiro para observação na mata:
– Estabelecer momentos de parada, contemplação e silêncio absoluto.
– Sentir a temperatura, como o vento circula na mata.
– Sentir o sol e a sombra, observar como o sol penetra na mata.
– Observar os tipos de plantas maiores, médias, arbustivas e rasteiras, como elas se distribuem, e imaginar como a chuva entra na mata, se infiltrando.
– Cavar e tirar amostras de solo: sentir o cheiro; e observar a composição, a cor, a granulação, a presença de raízes e os micro-organismos.
– Observar a “manta orgânica”, composta de folhas, pedaços de pau e madeira em decomposição. Juntar a quantidade de um metro quadrado e levar para pesar.
– Contar a quantidade de plantas diferentes que existem numa área de 5 a 10 metros quadrados.
4. Visitar o roçado depois da mata.
– No mesmo dia ou em outro próximo, organizar uma visita a roçados ou canaviais. Tudo o que foi observado na visita à mata deve ser observado no canavial ou roçado, para os alunos fazerem as comparações: como o sol, a chuva e o vento penetram no roçado; a cor, o cheiro e a composição do solo; a erosão do terreno; a uniformidade das plantas, etc. Sentir o clima, a temperatura, a presença de micro-organismos, os pássaros, etc.
5. Trabalhar o retorno da visita à mata e ao roçado.
– Reunir cada grupo para apresentar aos demais as amostras coletadas.
– Justificar o porquê de pegarem tal amostra e o que queriam mostrar para os colegas.
– Perguntar sobre a diferença que encontraram entre o solo da mata e o dos roçados.
– Escutar depoimentos, dos que quiserem falar, sobre o que mais impressionou.
– Explicar cientificamente o fenômeno da decomposição da matéria orgânica e a relação da vegetação com o solo e os micro-organismos.
– Debater a situação do solo na localidade: em que estado se encontra? Com o que mais se parece: com o da mata ou o do roçado?
– Tirar conclusões sobre como melhorar o solo das lavouras.
– Realizar testes com os alunos.
6. Organizar produtos sobre os estudos da vegetação e do solo.
– Relacionar as madeiras, os pássaros, os peixes e os animais silvestres que já existiram na região e que hoje são raríssimos ou extintos.
– Escrever sobre a experiência de escutar as pessoas mais idosas.
– Escrever relato contado pelas pessoas mais idosas.
– Confeccionar álbum fotográfico com legendas dos passeios a mata e roçado e das visitas às famílias antigas, com as respectivas datas, retratando a vida do lugar.
– Criar desenhos, pinturas, músicas e poesias sobre as paisagens antigas e atuais.
– Colher depoimentos dos mais idosos e a história escrita e documentada do lugar.
– Desenhar os mapas da vegetação em três épocas diferentes: 70 anos atrás, 30 anos atrás e hoje.
– Coletar sementes da vegetação nativa para reflorestamento.
– Escrever textos em forma de diálogo, com os elementos da natureza personificados, por exemplo: um diálogo da planta com um terreno esturricado, da árvore com o lenhador, da floresta com o canavial, etc.
Trabalhando os recursos humanos
1. Pesquisar os sítios dos moradores dos engenhos e das usinas.
2. Informar-se junto às pessoas mais idosas, entrevistando-as em sala de aula ou em outros locais, com as seguintes perguntas:
– No tempo de sua infância e juventude, quantos eram os sítios dos moradores nos engenhos?
– Quantos eram os foreiros (pessoas que arrendavam terras aos senhores de engenhos)? Quantos eram os pequenos proprietários?
– O que plantavam e o que criavam?
– De que tamanhos eram os sítios em que moravam, plantavam e criavam?
– O que existe hoje no lugar dos sítios dos moradores?
– Para onde foram os moradores do lugar?
– O que aconteceu com as cidades naquela época?
3. Organizar passeios com os alunos a locais que ainda apresentem resquícios de terem sido sítios de moradores. Comparar com os sítios dos moradores de hoje nos engenhos.
4. Debater a crise da cana, dos engenhos e da usina.
5. Entrevistar pessoas mais idosas e de meia-idade que viram a cana se expandir e, depois, entrar em crise, e debater com elas, fazendo as seguintes perguntas:
– Por que a cana cresceu tanto entre 1962 e 1989?
– Quais os fatores que ajudaram a cana a crescer?
– A cana ocupou os espaços de quais outras culturas e vegetações?
– Como se pagava antes aos trabalhadores e como passou a se pagar depois de 1962?
– Quais as vantagens e desvantagens que o salário mínimo trouxe para as pessoas e o lugar?
– Quais os direitos trabalhistas conseguidos durante a expansão da cana?
– Quais as vantagens e desvantagens que a expansão da cana trouxe para os produtores e os trabalhadores?
– Por que os engenhos e as usinas hoje estão falindo?
– Qual foi o papel que o governo teve na expansão e na crise da cana? Qual o papel dos sindicatos na expansão e na crise? Qual o papel que os fornecedores e usineiros tiveram?
6. Organizar debates, textos, elenco de fatores que favoreceram a expansão e fatores que favoreceram a crise.
Trabalhando problemas ambientais
1. Estudar a produção, o tratamento e o destino do lixo do lugar.
– Estimular, cada aluno, a descrever o que se faz do lixo produzido em casa.
– Fazer visita ao maior lixão do lugar, mediante uma preparação prévia e medidas de segurança.
– Dividir o grupo em equipes para coletar amostras; cada equipe, um material: tipos de vidro, tipos de plástico e borracha, tipos de metal, lixo orgânico, papel.
– Apresentar as amostras em sala de aula, mostrando a quantidade de cada produto no conjunto do lixo e como cada produto teria chance de ser reaproveitado.
– Debater se os alunos ou a comunidade já ouviu falar ou conhecem, no município ou fora, experiências de reciclagem.
– Pesquisar no lixo da escola, da sala de aula e da cozinha, a composição e o destino de cada componente.
– Debater melhores formas de tratar o lixo. Procurar alguém que ensine a fazer composto orgânico e escrever com os alunos a receita para fazer o composto e o modo de usá-lo nas plantas.
– Discutir possibilidades de reutilização de embalagens plásticas e de vidro.
– Aprender a fazer brinquedos e utensílios com sucata.
Parte 3
Os encaminhamentos das ações
Se a escola conseguiu desdobrar esta Ficha, produziu muito conhecimento inovador, que poderá ajudar a comunidade a agir. Esse será o grande desafio da escola para com a comunidade e o meio ambiente.
1. Apresentar para a comunidade o resultado das pesquisas feitas e dos conhecimentos que foram aprofundados.
– Procurar formas de apresentar para a comunidade o conhecimento que foi produzido.
– Tomar as providências para uma boa reunião, conforme sugestões nas outras fichas.
– Preparar bem os produtos construídos para serem apresentados à comunidade.
– Provocar a comunidade para que ela reaja diante dos problemas levantados pela escola.
– Estimular a organização de “Comissões Locais de Água, Solo e Vegetação”, para o cuidado especial com essas questões. Definir tarefas para essas comissões.
2. Estimular ações e políticas locais para o meio ambiente.
– Ações para melhorar o tratamento do lixo doméstico ou de algum lixo que haja na comunidade.
– Ações para melhorar a conservação e limpeza dos reservatórios de água, rios e riachos.
– Informar-se ou propor projeto de reflorestamento, arborização e plantio de vegetação nas margens do rio.
– Estimular capacitação para manejo do solo e aprender as técnicas de conservação, adubação.
3. Organizar uma festa na comunidade para celebrar a vida das pessoas mais idosas.
– Proporcionar oportunidade aos mais idosos de se encontrarem, para levantar a autoestima, valorizar os seus saberes, dançar e cantar as músicas e cantigas de sua época.
– Documentar essa festa com fotografias, depoimentos gravados e textos.
– Avaliar os impactos dessa festa com os idosos.
– Aproveitar essa festa para apresentar as mudanças que aconteceram nos últimos anos e que prejudicaram o meio ambiente.
4. Organizar mais produtos, juntando as contribuições de cada série e escola do distrito.
Propor uma reunião com as comunidades do distrito para discutir as propostas de cada comunidade para o meio ambiente. Discutir a recuperação dos rios e riachos que correm nas terras do distrito.
Parte 4
A avaliação do processo de construção do conhecimento, do ensino e da aprendizagem
Depois de um processo desse, segue-se uma avaliação dos conteúdos aprendidos, da participação dos sujeitos envolvidos, da dinâmica utilizada e dos resultados obtidos. As sugestões das outras fichas podem ser usadas para avaliar esta também.
Os conteúdos ensinados e aprendidos
Nesta metodologia, todos ensinam, todos aprendem e todos são avaliados, por si e pelos demais.
1. Fazer, com os alunos, o levantamento de todos os conteúdos trabalhados durante o período desta ficha, tanto o conteúdo tradicional como o conteúdo novo.
2. Discutir o nível de interesse, utilidade e assimilação desses conteúdos para os estudantes e seus familiares e verificar os impactos que estão provocando nas comunidades.
3. Discutir com os alunos as formas como eles observam os resultados em suas famílias.
A participação dos envolvidos
Verificar os níveis de motivação, interesse, iniciativa, contribuição e criatividade dos alunos e dos adultos colaboradores.
1. Verificar os valores que foram se firmando nos alunos: solidariedade, companheirismo, respeito ao outro, justiça, responsabilidade com as tarefas, etc.
2. Verificar as atitudes em relação aos valores na vida pessoal e de grupo, coletivamente, dentro e fora da escola.
3. Verificar nos professores e nos familiares esses mesmos itens.
As metodologias e dinâmicas utilizadas
1. Verificar os acertos e as falhas percebidas por alunos, professores e familiares.
2. Examinar as dificuldades sentidas pelos envolvidos.
3. Discutir as formas de superação dessas dificuldades e dar sugestões para melhorar na próxima ficha.
4. Verificar a eficiência e eficácia da ficha: se conseguiu facilitar os objetivos e as estratégias.
5. Planejar o próximo período e a próxima ficha.
Abdalaziz de Moura