1.12 MOVIMENTOS SOCIAIS E O CURSO DE AGROECOLOGIA

Texto escrito em janeiro de 2014 para aula sobre os Introdução à História
Movimentos Sociais do Campo no curso técnico de Agroecologia.

Nesse texto vamos ver de forma mais sistematizada os elementos que são comuns aos Movimentos Sociais (MS) que compõem o Sistema da Educação Popular e inspiram a formação do Técnico em Agroecologia. Vamos extrair o que foi visto nos relatos dos textos anteriores, identifica-los e aprofundar. Na realidade, acontecem sempre juntos e articulados uns com outros, mas para estudo, podemos distinguir para melhor uni-los e integra-los.

  1. Situação Indesejada

Todos os MS nascem de uma situação indesejada que se apresenta em um espaço ou tempo. Trata-se de um direito negado a uma parcela da população ou de uma necessidade sentida por parcelas da sociedade, mas que não é atendida pelas autoridades, ou pelo sistema político, ou religioso, ou econômico. Diante dessa situação, as pessoas, os grupos passam a se mobilizar para conquistar o direito negado ou atender à necessidade sentida. Muitas vezes essa conquista é conflituosa, sofre violência, rompe com tabus e preconceitos da cultura que predominam na sociedade. Poucas vezes é tranquila.

O Técnico em Agroecologia, desde o início do curso vai descobrindo situações indesejadas em sua propriedade, comunidade, município, instituição. Do ponto de vista ambiental, produtivo, técnico, familiar as situações encontradas em geral são diferentes da que ele aprendeu no curso. Ele vai exercer uma liderança diante dessa situação.

 

  1. Transformação para uma situação desejada

O envolvimento de qualquer liderança de um Movimento Social é para transformar a situação indesejada, incômoda, prejudicial, para conquistar o direito que está sendo negado, ou para atender à necessidade sentida pelo grupo, população. Os Movimentos Sociais (MS) não nascem de situações confortáveis, serenas, tranquilas. Ou seja, nascem para transformar a realidade que não está legal, que não está justa, nem solidária. A Educação Popular (EP) que as lideranças aprendem é para agir, para transformar, para mudar. Por isso que na EP não se entende conhecimento, estudo, pesquisa que não seja para conduzir uma ação de transformação.

O Curso Técnico inspirado na EP tem essa característica. O que se aprende nele é a serviço da transformação, da mudança, de uma ação concreta, em favor do Meio Ambiente, dos Recursos Naturais (solo, água, vegetação, animais…), em favor das pessoas, das comunidades, das famílias, da produção e da renda familiar. Por isso também, o conhecimento do Curso não é neutro, como o das escolas e universidades. No Curso de Agroecologia o conhecimento é para servir, o técnico toma partido, não fica indiferente depois de conhecer certas coisas que antes não conhecia.

  1. Os Movimentos Sociais constroem estratégias

Para mudar uma situação indesejada em uma desejada, justa, legal, solidária não se faz de qualquer jeito.  Pois nem sempre tudo em redor é favorável. Tem muitos obstáculos, oposições, interesses contrários. Pode ser um regime político (como era na repressão da ditadura), pode ser um gestor local (como alguns políticos que perseguem pessoas da oposição), mas pode ser também um tabu (como a desvalorização da mulher, do rural, do pobre, do negro), um preconceito (como as questões de orientação sexual). Pode ser também um desconhecimento, um costume antigo equivocado (como queimar o mato, plantar de ladeira a baixo).

Daí os participantes dos MS escolherem estratégias para fazer as mudanças. Em geral, não é uma estratégia só que possibilita as mudanças, mas um conjunto, que se complementa. As estratégias também não são usadas todo o tempo. Uma marcha, como as “das Margaridas” em Brasília, o Movimento Sindical usa uma vez por ano, o “Grito da Terra” é semelhante. Mas para usar uma estratégia desta, é necessário usar muitas outras, tais como mobilização local, reunião, divulgação na rádio, coleta de dinheiro. A ocupação de uma terra é outra estratégia que necessita muitas outras, de forma articulada.

O Técnico para agir diante das situações indesejadas aprende com os MS. Precisa construir suas estratégias para encantar a família, a comunidade, a associação, as lideranças, os próprios colegas. Cada ação, cada situação exige estratégias apropriadas para aquela ação. Nem sempre se pode aplicar as mesmas estratégias, pois em um lugar, a família pode ser a favor, o conhecimento da comunidade pode ser já desenvolvido sobre o assunto. Como pode ser o contrário. Cada um ao longo do curso vai criando, inventando, testando para ver se dar certo. A convivência durante o curso permite muita troca de experiência entre os colegas. O exemplo de um inspira o outro, o exemplo de uma equipe municipal inspira outras. Como nos MS, quem aplica a Educação Popular sempre vai estar criando, avaliando novas estratégias para a mudança. A educação convencional não se preocupa tanto com a criação de estratégias porque não se preocupa com a mudança da realidade, e sim com a manutenção da mesma.

  1. Os Movimentos Sociais buscam sempre parcerias.

 Nenhum MS tenta mudar a situação indesejada em uma desejada sem buscar parcerias. Ninguém cria sozinho um sindicato, uma associação, uma pastoral de igreja, um movimento social. Ou seja, ninguém muda uma situação indesejada só com sua vontade individual. Essa é uma lição que a EP comprovou e os MS aprenderam. As parcerias muitas vezes estão próximas dos MS, como os delegados de base do sindicato e a diretoria, como um sindicato com a federação. Às vezes, estão mais fora, como uma associação de agricultores e uma Ong, um MS que solicita um curso a uma universidade. Às vezes, está até em pessoas ou instituições do governo, quando esse é mais comprometido com as mudanças.

O Técnico aprende também essa lição dos MS. Ele não se arrisca sozinho a querer fazer as mudanças diante das situações indesejadas que se defrontar.  Ele pode desanimar na primeira dificuldade que topar. Ele procura então a parceria do pai, ou da mãe, ou de outro parente. Procura também fora da família, com os colegas, com a associação, o sindicato, a escola, as secretarias municipais, as instituições privadas ou públicas. Como acontece com os itens desse texto, a parceria não é algo que tanto faz ter como não. Ela constitui a EP, ela constitui os MS.

  1. Os Movimentos Sociais sempre formam seus quadros

 O MS que não investe em formar seus participantes, sobretudo, suas lideranças perdem-se na história. Quem aplica a EP e não forma outras pessoas termina ficando dona do MS. Isso acontece em associações, em sindicato, em Ong. Os dirigentes se perpetuam, se justificam que não tem gente para assumir (porque exatamente não formou!), que é o povo que não deixa ele sair, que só ele é quem tem dedicação para o serviço! Esse líder não entendeu nem a história do seu movimento, nem o que a EP ensina. Ele inverte o objetivo do MS, em vez de servir ao MS, ele serve-se do MS para continuar na liderança.

Nos três relatos estudados, a formação de pessoas praticamente dá origem aos MS. O MS amplia-se e ganha estrutura a partir da formação de seus quadros. Por isso que os MS constroem sempre um sistema, um processo educativo.  Têm educadores e educandos, coordenadores e coordenados, tem dirigentes e monitores. Os nomes não importam, e sim a função. Tem sempre pessoas formando novas pessoas, grupos formando novos grupos. Quanto maior for a articulação dos movimentos, mais precisam de pessoas formadas.

O Técnico em Agroecologia ao iniciar uma ação para transformar a realidade leva também em conta essa lição dos MS e da EP. O que ele aprende é para passar adiante, não é para ficar para si. Por isso que ele precisa sempre estar articulado com uma comunidade, uma instituição, pensando sempre como aproveitar as oportunidades para formar, capacitar outras pessoas, a começar sempre por quem está mais próximo. Às vezes, surge oportunidade para ele exercer essa função a convite de um movimento, de uma prefeitura, de um programa. O que ele precisa estar atento é que ele não vai formar só nessas ocasiões. Precisa começar logo em casa.

  1. Os Movimentos Sociais sempre constroem sistemas de avaliação e monitoramento

 Diferente das escolas e universidades convencionais, a EP aplicada pelos MS tem pressa com os resultados. Não esperam as pessoas terminarem a formação para exercer a profissão. Pelo contrário, as pessoas começam logo aplicando os conhecimentos que vão adquirindo e obtendo os resultados de suas ações, de suas intervenções. Para saber se estão alcançando seus objetivos, para saber se as estratégias são as mais adequadas, para saber se as pessoas estão se sentindo bem, se o nível de participação das pessoas está sendo positivo. Na EP os participantes sempre estão se avaliando. E para se avaliar não usam provas ou testes com notas, mas um conjunto de outros instrumentos.

E não avaliam só o nível de conhecimento intelectual. Avaliam também o nível de satisfação e felicidade das pessoas, o desenvolvimento das emoções, do afeto, da convivência, da amizade, do companheirismo, da solidariedade, do compromisso com a causa, da justiça, da tecnologia aplicada. Para o sistema de avaliação dos MS tem um elemento muito particular. É a autocrítica. Ou seja, as pessoas se autoavaliam de como está sua participação no movimento, como está o seu desempenho, os resultados pretendidos etc. Não é só o educador avaliando os educandos, mas é também a hétero-avaliação. O educando avalia também seus educadores. O povo avalia seus dirigentes, diz o que ele precisa mudar, os monitores avaliam seus coordenadores e vice-versa. Não é só de cima para baixo que se avalia, é também de baixo para cima.

O Técnico do Curso de Agroecologia aplica desde a primeira semana de aula essa aprendizagem dos MS. Estará sempre se avaliando durante o curso e depois. Sempre ele deverá se perguntar pela satisfação das pessoas que estão participando com ele em alguma ação. Pela satisfação e interesse dos colegas, pelo nível de convivência que estão alcançando, pela sua aprendizagem, se ela está sendo aplicada ou se está apenas na cabeça dele. O Técnico também será sempre avaliado pela família, pela comunidade, pela associação. Em outra faculdade, a família pergunta se seu filho já se formou e, se formado se já conseguiu um emprego. No Curso Técnico, a família e a comunidade perguntam se ele está bem, se está aproveitando do curso, se está agindo na propriedade, na comunidade desde o início do curso e não só depois de formado.

  1. Os Movimentos Sociais sempre focam objetivos imediatos e de longo prazo

Os objetivos imediatos são sempre os do interesse ou das necessidades mais urgentes. São os que motivam mais as pessoas a participarem de um movimento. É a conquista da água, da terra, do alimento, do transporte, da escola, da saúde, do direito, da habitação, da energia, da mobilidade, do meio ambiente conservado etc. Exemplificando melhor, o interesse imediato do MST é a conquista da terra. Mas o MST não quer só que as pessoas adquiram a terra. Pois possuir a terra não alimenta, não produz, não gera renda, não cria solidariedade, compromisso com a justiça, com o desenvolvimento sustentável. Então, não é para as pessoas pararem só porque conseguiram o objetivo imediato que é a conquista da terra.

Tem muito mais objetivos pela frente! Ganhou a terra, que beleza, que resultado extraordinário! Foi uma luta de anos, de ocupação, de acampamento, de reuniões, de espera, de calor e de frio debaixo de lonas! Só que agora que ganhou a terra, muitos outros objetivos aparecem pela frente: estruturar a propriedade, adquirir animais, fazer as casas, plantar, beneficiar, comercializar os produtos, arrumar escola para os filhos, organizar os companheiros para continuar firmes e solidários, preservar o meio ambiente e manter-se articulado com o Movimento, formando novos companheiros para a liderança e assim, sucessivamente. Ou seja, a atividade não termina em uma só ação, em um só resultado. E os resultados são de naturezas diferentes, ora são econômicos, ora são pedagógicos, ora são políticos, ora são sociais.

Assim, a ação do Técnico em Agroecologia! Não pode se reduzir a aplicação de uma tecnologia. Não pode se satisfazer apenas com a melhora do solo, com a melhora de renda da propriedade, com a capacitação das famílias em agroecologia, Permacultura. Esses são objetivos imediatos, que vão encantar as pessoas, motivá-las. Isso representa muita coisa, muitos resultados, porém, não é para se reduzir a essas conquistas! Vem mais pela frente! É preciso pensar a propriedade como um todo, aplicar os princípios da Permacultura e não se reduzir apenas à aplicação de uma tecnologia! É preciso sonhar com uma comunidade, com um município, com um território! É preciso sonhar com um planeta sadio, uma sociedade justa, uma economia solidária. É preciso satisfazer necessidades econômicas, afetivas, ambientais, políticas, sociais!

Outras profissões costumam se satisfazer apenas com os objetivos imediatos: a professora ensina, o médico cura, o engenheiro constrói, o advogado defende, o dentista cuida da boca, o oftalmologista cuida dos olhos. Tem também o dirigente que só se satisfaz com a mensalidade dos sócios, com a conquista da terra, com os eventos realizados, com os projetos conseguidos. O Técnico em Agroecologia além de atender os objetivos imediatos vai muito além. É o que a EP chama de objetivos estratégicos ou de longo prazo. Cada militante precisa sempre estar avaliando se os objetivos estratégicos de seu trabalho estão sendo considerados ou e os participantes estão satisfeitos apenas com os imediatos. Se for assim, quer dizer que se acomodaram, que pararam, que abandonaram as crenças, os princípios do MS.

  1. Os Movimentos Sociais sempre selecionam conteúdos para formar seus quadros

 As escolas e as universidades selecionam os conhecimentos para organizar seus currículos. Preocupam-se em estruturar currículos que sejam universais, que sirvam para o Rio Grande do Sul, como para o Pará, que sejam aplicados com todos os estudantes e cobram a avaliação das aprendizagens. Os MS fazem diferente. Selecionam os conhecimentos, os conteúdos que interessam ao grupo, ao movimento, na época que estão, de acordo com o território onde vivem. Não são conteúdos universais, abstratos, neutros. São conteúdos que interessam ao povo que se envolve com o movimento. São conteúdos para sua luta, para conseguir seus objetivos.

Os movimentos feministas priorizam questões de gênero, os movimentos ambientalistas priorizam questões ligadas ao Meio Ambiente, os movimentos de juventude priorizam conteúdos de geração, os movimentos quilombolas privilegiam conteúdos étnicos e assim por diante. Os conteúdos são selecionados de acordo com os objetivos, as estratégias de cada MS. São conteúdos que ajudam a causa, são comprometidos com a mudança da realidade. Não consideram apenas os conteúdos científicos. Levam em conta também os conhecimentos práticos, intuitivos, adquiridos na luta, no processo educativo.

O Técnico em Agroecologia passa por experiência semelhante. Ele lida com alguns conteúdos que lhe são prioritários, como fazem todos MS. Todo processo educativo tem que ter escolha de conteúdos. Não dá para dominar todos os assuntos. Além de privilegiar conteúdos, o técnico privilegia a metodologia que aprende no curso, a Peads – Programa Educacional de Apoio ao Desenvolvimento Sustentável. Trata-se de uma maneira própria de aprender e de agir para mudar a realidade, que inclui pesquisa, análise dos dados da pesquisa, aprofundamento dos dados e a devolução para o grupo ou comunidade pesquisada agir, intervir. Por fim, avaliar todas essas etapas de produção de conhecimento.

  1. Os Movimentos Sociais sempre se articulam com dimensões mais amplas

Os MS agem localmente, na comunidade, no território, na associação ou sindicato, nas propriedades. Porém, ficam sempre de antenas ligadas para o global, para o que se passa no entorno, para a conjuntura e os cenários externos. Sentem a necessidade de se articular com outras parcelas do movimento de outros territórios, de outros estados e até de outros países. Por isso, um sindicato articula-se em polos, em federação, em confederação, em nível local, municipal, territorial, estadual, regional, nacional. É uma tendência de toda EP levar os MS a se ampliarem em um nível maior, para adquirir mais força, mais incidência sobre as políticas, mas ganho para seus participantes. Sabem que se ficarem isolados, pouco conseguem!

O Técnico que estuda Agroecologia sabe desde as primeiras semanas de aula que precisa articular-se com outros colegas do mesmo município e do mesmo território. Não deve agir só, nem de maneira isolada. Para isso, pode criar formas de articulações ou instrumentos jurídicos como associação de técnicos, de maneira formal, com estatuto, ou de maneira informal. É importante conhecer outros técnicos com a mesma formação no território, ou com formação semelhante. Agindo assim, ele ganha mais visibilidade no seu trabalho, mais peso social, técnico e político.

  1. Os Movimentos Sociais sempre se baseiam em princípios filosóficos

 Os MS agem sempre em condições adversas, em situações indesejadas que precisam ser modificadas, transformadas. Nadam contra a maré, pois sonham com outra realidade! Para manter-se motivados, os MS precisam encontrar bases sólidas, valores e crenças que lhes dão sustentação, alicerce, base. É o que chamamos de princípios, fundamentos ou bases filosóficas. São um conjunto de valores, de concepções de vida onde os militantes se inspiram, bebem da fonte, se alimentam e produzem as energias necessárias para continuar na ação. Sem esse leme, sem essa direção, os militantes ficam ao sabor do vento, sem ética para escolher entre o verdadeiro e o falso, entre o correto e o incorreto, entre o seguro e o inseguro. Há lideranças que se distanciam desses princípios, como um dirigente que se vende ao patrão, um técnico que se vende a um laboratório, um educador que se entrega à rotina das aulas.

A maior e mais importante diferença entre a EP aplicada pelos MS e a educação convencional é que a EP traz sempre em seus princípios um projeto de sociedade. Tem movimento que clareia, explicita esse projeto mais que outro. Mas de forma explícita ou tácita, mais consciente ou menos consciente há um projeto de sociedade desenhado que motiva os MS. É o que chamamos de UTOPIA. Essa palavra vem do grego e associa-se a vários sentidos e significados: lugar, ponto, direção, horizonte, desejo a ser alcançado, farol, luz, guia. É a luz que nos ilumina no caminho, um guia, um mapa na luta. É o desenho de uma sociedade mais justa, onde os direitos são respeitados, onde haja equidade no gozo dos bens da vida, que contempla a geração atual e as futuras. O militante que perde a utopia deve se avaliar ou abandonar o MS a que pertence, pois ele vai ficar perdido, sem rumo, sem direção e pode até rumar na direção contrária.

Essa é uma atenção muito especial que o Técnico deve levar em conta. No curso ele não aprende só conhecimentos e tecnologias. Ele aprende que pode ser melhor cidadão, melhor profissional, que sua propriedade pode ter mais ciclo de energia, mais sustentabilidade, que sua comunidade pode ser mais organizada, que seu município pode ser mais desenvolvido. Ele sabe, portanto, o que e como fazer, com quem fazer. Ele tem luz, direção, guia, mapa. Se não faz, então, é porque não aprendeu a lição do Curso, não se apropriou dos valores, dos princípios filosóficos do Curso, ou não aprendeu as lições que os MS deixaram para ele.

  1. Conclusão

 Os estudiosos definem a Agroecologia como uma nova Ciência. Hoje no Brasil já existem mais de 100 cursos de agroecologia, entre técnico, tecnólogo, graduação e pós-graduação. Porém, além de ser uma ciência é também uma Prática Social, em torno dela encontram-se produtores, consumidores, transformadores de produtos, pessoas do campo, da cidade, da floresta, das águas, índios, quilombolas, adolescentes, jovens, profissionais, empresários, gestores públicos. Uma infinidade de pessoas e instituições que pretendem outro padrão de consumo, de qualidade de vida, que querem estar bem com a natureza, que aderem a princípios de solidariedade, de justiça, de equidade.

Há ainda quem diga que além de Ciência e Prática Social, a Agroecologia é um Movimento Social, ou seja, tem um projeto de transformação social, política, econômica, cultural, ambiental, tem bandeiras de luta, tem propostas de ação local, regional, nacional, latino-americana, tem formação de quadros, aplica e desenvolve a Educação Popular. Por isso, tem tudo a ver o estudo dos movimentos sociais com o Curso Técnico de Agroecologia.

Na Escola Técnica do Campo, de responsabilidade do Serta, além de se falar em Agroecologia como Ciência, como Prática, como Movimento, fala-se em Agroecologia como uma Filosofia. É outro paradigma de conhecimento diferente da Ciência. A Filosofia trata das concepções que as pessoas escolhem e aderem para dar sentido às suas vidas. Querendo ou não, as pessoas tem uma explicação para o sentido de sua existência, para a vida, para a morte, o amor, o trabalho, a natureza, a arte, a cultura, o homem, a mulher… O curso técnico explicita um conjunto de concepções e valores que o técnico se apropria ao longo do estudo e transforma em referência para a sua vida, o seu trabalho, a sua presença na família, na propriedade, no território. Constrói sua filosofia de vida ou para todos os campos da vida. Por isso que é comum educandos dizerem: “esse curso não ensina só tecnologia, antes de tudo ensina a viver, a ser cidadão, a defender o planeta, a construir uma sociedade justa, nos prepara para a vida. É uma proposta de vida antes de ser uma proposta de curso!”

 

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